sábado, 28 de agosto de 2010

Fogo & Vento

O fogo do corpo arde sozinho
Num pingo de lava
Num pingo de gemido

O vento sopra num remoinho
Voltas de ardor
Voltas de sufocos

O fogo e o vento unem-se
Nos vales assombrados
Onde os desertos salpicam as montanhas
Com o erotismo das penetrações fumegantes



















Imagem de Luis Royo

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Beber

Bebes do meu seio
A respirar sedução
Bebes dos meus lábios
A rasgar pétalas
Bebes dos meus pés
A gemer um orvalho
Bebes do meu sémen
A germinar trilhos

Beber as fontes ao devaneio dos sentidos.

Tempo a tremer, badaladas na sequência infinita dos corpos.
Bate o estremecimento, pausa em movimentos rudes.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Pierre Louÿs

"

Não digais: “ Os romances honestos chateiam-me.” Dizei: “Gostaria de algo interessante para ler.”

Não digais: “Vim-me como uma louca.” Dizei: “ Sinto-me um pouco cansadas.”

Não digais: “ É uma rapariga que se masturba até desfalecer.” Dizei: “ É uma sentimental."

Não digais: “ A pissa dele é grande demais para a minha boca.” Dizei: “Sinto-me um pouco criança, quando falo com ele. “

Não digais: “ Ele veio-se-me na cara e eu na dele.” Dizei: “ Trocámos algumas impressões.”

"
Pierre Louÿs (1870-1925) - Manual de Civilidade Para Meninas

Ilustração de Georges Pichard do livro mencionado anteriormente

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Pingos

O seio toca meus lábios
A transmitir o último
Fôlego da sobrevivência.
Respiro o ritual de criança,
Alimentar as células da Alma,
Tocar o Amor partilhado.
Sopro de delicadeza, néctar de subtileza,
Cordéis íntimos.
Os fragmentos pingados,
Cobrem o orvalho.
Os fragmentos de mãe,
Cobrem a sensualidade.

Na fase adulta, licor emaranhou-se em mim.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Gemido

Quadros despidos
Numa silhueta,
Numa Alma de tempestades,
Na nudez crua.

A transparência geme,
A envolvência treme.
Geme, treme,
Treme e geme o invisível.

A virgindade infiltrada
Na sede atormentada.
A busca interna da essência dormente...
A busca do licor a brotar na fonte...
A busca do vulcão mental.

Aconchegar pétalas ao sopro
Recolher o orvalho no rosto
Humedecer a frescura do odor
Partilhar o toque selvagem do pudor

domingo, 14 de dezembro de 2008

Seios

A memória dos meus seios
Entrelaçam as cordas dos gemidos.

Despidos são a purificação dos troncos.
Vestidos são as chamas dos cegos.

Desagua a Alma das flutuações,
A nudez da vibração dos vulcões,
Arrepiar frenético das provocações.

Olhar a sepultura da sensualidade
Pedaço a pedaço,
Tocar a motivação de entranhar
Gota a gota.

A memória dos meus seios
Recortam os filamentos dos esquecidos.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Duplicidade

Escorre o leito do meu seio
A flagelar o sangue.
Castrar as veias,
Do imponente pénis
Inspiram a cadência, demência.


Vislumbrar gemidos,
Inquietar os momentos sorvidos
Ao retomar a cerimónia.
A luz quebra a ceia,
Atrela a rebeldia
Junto do desassossego vibrante,
Fortalece a suspeita
Marginal da depravação luxuriosa.

Escorregar nudez,
Ornamentar o reacender
Dum mergulho de pânico;
Sinto a decapitação do som,
Um espírito esfomeado
Na matéria ensanguentada de sémen.
Esta duplicidade sacia a Alma
A quem a harmonia cintila,
Quem deseja culminar
O sussurro na perpetuação.
Intensidade penetrante
Até ficar soterrado
Do que de mim germina,
Flutuação de sangue e sémen
Consome o que devorado treme…

Acerca de mim